Palavra de Deus
Neste mês
de setembro a Igreja nos propõe a olharmos de uma maneira especial para a
Palavra de Deus. Isto, porque, no próximo dia 30, fazemos memória de São
Jerônimo, conhecido por traduzir os textos bíblicos do grego para o latim
durante o quarto século da era cristã.
Por
isso, propomos algumas pistas de leitura e fazemos alguns alertas para
evitarmos algumas ideias ou atitudes que não nos ajudam a lidar com o texto
sagrado. Primeiramente, a Bíblia, como a conhecemos, não foi escrita ontem e muito
menos desceu do céu como presente divino à humanidade.
É
certo de que a Bíblia fala de Deus, mas através da linguagem humana. Por conta
disso, precisamos levar em conta o processo histórico, as diferentes formas de
narrativas, o contexto social, político e religioso de cada período, em que os livros
que a compõem foram escrito. Enfim, é importante observarmos esses dados para
não cairmos numa atitude perigosa em relação ao nosso assunto: o
fundamentalismo bíblico.
O
fundamentalismo pode ser tanto bíblico, religioso, político, cultural, social,
etc. Ele acontece quando transformamos a Bíblia, por exemplo, como fonte única
dos valores e das verdades que fazem parte de nossa vida. Dito de outra forma,
podemos ser fundamentalistas em relação à Bíblia quando:
·
Consideramos que ela está livre dos erros da palavra
humana;
·
O sentido do texto bíblico é claro e expresso em
palavras perfeitamente adequadas;
·
Dizemos que a Bíblia é a única autoridade para a
doutrina e para a moral;
·
Os textos bíblicos têm uma aplicação moral que resiste
ao tempo, à história e às diferenças culturais;
·
O texto bíblico é um tesouro de argumentos que
confirmam o credo e a doutrina de um grupo;
·
Do início ao fim, toda a Bíblia pode ser interpretada
do mesmo modo.
Estas são algumas pistas que podem indicar o quanto nossa leitura da
Palavra de Deus pode ser fundamentalista. Assim, é importante destacar que a
Escritura não está separada da história, sobretudo porque conta a história de
salvação de um povo que estabelece com Deus uma Aliança que dura ainda hoje e,
para nós cristãos, tem sua plenitude em Jesus Cristo. (Por isso, a bíblia
cristã está dividida em Antigo Testamento e Novo Testamento). Que povo é este:
o povo de Israel, no qual podemos perceber especialmente nas leituras do Antigo
Testamento.
Não queremos abalar a fé de ninguém, mas propomos este texto como um meio
para melhor compreendermos de que não precisamos decorar a Bíblia toda para nos
relacionarmos melhor com Deus, mas propomos que a partir do estudo e da escuta dos
textos bíblicos nas celebrações, com a comunidade, ou em casa, podemos perceber
os elementos que nos ajudam a sermos melhores como cristãos hoje e, sobretudo,
como filhos do Deus que se revela também na Palavra.
DICAS PARA SUA LEITURA DA BÍBLIA
·
Reze ao Espírito Santo para que te ajudes na leitura
do texto sagrado;
·
Mantenha a leitura de uma forma coesa, ou seja, não
comece – por exemplo – pelo Evangelho de Mateus, depois Apocalipse, e, por fim,
voltar a Lucas;
·
Não fique só na oração! Observe as notas de rodapé e
as introduções de cada livro que se encontra no início de cada texto;
·
Na dúvida, procure o padre de sua comunidade para
possíveis esclarecimentos;
·
Se quiser aprofundar mais sua exegese (estudo) da
Bíblia, procure cursos de Teologia para Leigos ou cursos de Exegese Bíblica
oferecidos por sua Diocese.
·
Faça anotações que consideras importante sobre a
leitura para que não se perca. (Diário bíblico e/ou espiritual);
·
E, por fim, dizemos que a Bíblia é inspirada (Deus ajudou os autores
humanos a encontrarem as melhores palavras para transmitir as verdades da fé,
mas não escreveu no lugar deles), porém não
é revelada (Ela contém e transmite o conteúdo da revelação, mas não desceu
pronta do céu).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SILVA, Cassio Murilo Dias da. A Bíblia não serve só para rezar. São
Paulo: Loyola, 2011.