A presença de Deus na terra dos homens é
anunciada com uma exclamação e desejo de paz: “Glória a Deus no mais alto dos
céus e na terra, paz aos que são do seu agrado” (Lc 2,14).
Paz é o que desejam e pedem todas as
pessoas de “boa vontade”. A paz é bem precioso, porém frágil e delicado. Há
sinais preocupantes em nossa realidade nacional que exigem reflexão, oração,
diálogo e decisão. Há de fato de se perguntar por que tanta violência, presente
em todos os estratos da sociedade? Uma possível razão dessa situação nos
oferece o Papa Francisco: “Os ídolos do domínio e do poder deterioram as
relações, arruínam a harmonia a ser construída com humildade serviçal e
disposição maternal. Os conflitos, a violência, a indiferença diante da morte
nascem do fascínio do domínio e do poder”.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
promove em 2015 o Ano da Paz. Há, certamente, quem se pergunte: “É possível
percorrer o caminho da paz? Podemos sair desta espiral de dor e de morte?
Podemos aprender de novo a caminhar e percorrer o caminho da paz?”.
A resposta à pergunta não é fácil. No entanto,
através do engajamento de pessoas de “boa vontade”, poder-se-á favorecer o
surgimento e a consolidação de iniciativas verdadeiramente marcadas pelo desejo
de salvaguardar e promover a vida humana: uma vida digna, justa, em paz com
Deus, com a natureza e com os irmãos e irmãs. Assim, a tão deseja e querida paz
será possível para todos.
É urgente fomentar a cultura da paz. Ela se
tornará realidade quando houver vigorosa decisão em favor de uma educação para
crianças, adolescentes e jovens orientada por valores, virtudes, ética. A
educação dessa parcela preciosa da sociedade não pode estar sujeita a opções e
decisões de alguns poucos. É imprescindível participar de perto da vida
cotidiana das unidades de ensino, ou ver a situação e a condição de tantos e
tantas que ainda acreditam na força e dignidade da educação. A educação não
pode estar orientada somente para o mercado de trabalho! Faz-se urgente atenção
para com o humano. Faz-se necessário, ainda uma vez, recordar que a família
estável é lugar privilegiado de fomento do humano e promoção da cultura da paz.
Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre
Arcebispo de Porto Alegre
FONTE:www.cnbb.org.br/artigos-dos-bispos