Às 19h e 30min deste segunda-feira, dia 9 de março, foi ministrada a aula de abertura do Curso de Teologia para Leigos de nossas duas paróquias. O pároco, padre João Corbellini saudou os presentes e anunciou a presença de padre Ricardo, que encantou a todos com sua espiritualidade e didática peculiar. O tema proposto foi uma análise sobre as Doenças e Tentações que debilitam as diversas instâncias de nossa Igreja, tendo por base o Discurso do Encontro do Papa Francisco com a Cúria Romana em dezembro de 2014. Segue a síntese por ele apresentada:
1. A doença do
sentir-se “imortal”, “imune” ou “indispensável”
Uma Cúria, paróquia,
família, sociedade que não faz autocrítica, que não se atualiza, que não
procura melhorar é um corpo enfermo. É a doença daqueles que se transformam em
senhores e se sentem superiores a todos e não a serviço de todos.
2. A doença do
“martalismo” (que
vem de Marta)
É a doença
da excessiva atividade: ou seja, daqueles que mergulham no trabalho,
descuidando, inevitavelmente, “a melhor parte”: sentar-se aos pés de Jesus. Descuidar
do descanso necessário leva ao estresse e à agitação
3. A doença do
“endurecimento” mental e espiritual
A doença
daqueles que possuem um coração de pedra e com o passar do tempo, perdem a
serenidade interior, a vivacidade, a audácia. É perigoso perder a sensibilidade
humana necessária que nos faz chorar com os que choram e alegrar-se com os que
se alegram!
4. A doença dE
PLANEJAR COMO UM CONTADOR
A doença do
planejamento excessivo e do funcionalismo sem deixar espaço para o Espírito
Santo. Preparar tudo bem é necessário, mas jamais cair na tentação de querer
encerrar e pilotar a liberdade do Espírito Santo, que é sempre maior, que todo
planejamento humano.
5. A doença da NÃO COOPERAÇÃO E DA má
coordenação
A doença de
quando os membros perdem a comunhão entre si e o corpo perde a sua
funcionalidade harmoniosa e a sua temperança, porque os seus membros não
cooperam e não vivem o espírito de comunhão e de equipe.
6. a
doença do “alzheimer espiritual”
A doença do
esquecimento da “história da salvação”, da história pessoal com o Senhor, do
«primeiro amor». Trata-se de uma perda progressiva das faculdades espirituais
que num intervalo mais ou menos longo de tempo, causa graves deficiências à
pessoa.
7. A doença da
rivalidade e da vanglória
Quando a aparência,
as cores das vestes e as insígnias de honra se tornam o objetivo primordial da
vida. É a doença que nos leva a ser homens e mulheres falsos, e a vivermos um
falso “misticismo” e um falso “quietismo”.
8. A doença da
esquizofrenia existencial
É a doença
dos que vivem uma vida dupla e do vazio espiritual. Uma doença que atinge
frequentemente aquele que, abandonando o serviço pastoral, se limitam aos
afazeres burocráticos, perdendo, assim, o contato com a realidade, com as
pessoas concretas.
9. A doença da FALAÇÃO, DA MURMURAÇÃO, DA FOFOCA
É uma
doença grave, que começa para trocar duas palavras e se apodera da pessoa,
transformando-a em “semeadora de cizânia” (como satanás), e em tantos casos
“homicida a sangue frio” da fama dos seus colegas e confrades. É a doença das
pessoas que, não tendo a coragem de falar diretamente, falam pelas costas.
10. A doença de
divinizar os chefes:
É a doença
dos que cortejam os superiores, esperando obter a benevolência deles. São
vítimas do careirismo e do oportunismo, honrando as pessoas e não a Deus. São pessoas que vivem o serviço, pensando exclusivamente no que
devem obter e não no que devem dar. Pessoas infelizes e inspiradas só pelo seu
próprio egoísmo.
11. A doença da indiferença
Quando
alguém pensa somente em si mesmo e perde a sinceridade e o calor das relações
humanas. Quando se chega ao conhecimento de algo e o esconde para si, ao invés
de compartilhar positivamente com os outros. Quando, por ciúme ou por astúcia,
se sente alegria ao ver o outro cair, ao invés de erguê-lo e encorajá-lo.
12. A doença da cara DE
ENTERRO
A doença
das pessoas grosseiras e sisudas que pensam que, para ser sérias, é necessário
pintar a cara de melancolia, de severidade e tratar os outros com rigidez,
dureza e arrogância. É preciso ser uma pessoa amável, serena e alegre que
transmite alegria por toda parte, um coração repleto de Deus é feliz, que
irradia e contagia todos os que estão a sua volta.
13. A doença de
acumular
Quando o
apóstolo procura preencher um vazio existencial no seu coração, acumulando bens
materiais, não por necessidade, mas só para sentir-se seguro. O acúmulo de bens
materiais só pesa e atrasa o caminho.
14. A doença dos
círculos fechados
Pertencer
ao grupo se torna mais forte do que a pertença ao Corpo, e, em algumas situações,
ao próprio Cristo. Esta doença começa sempre de boas intenções, mas com o
passar do tempo, escraviza os membros, tornando-se um câncer que ameaça a
harmonia do Corpo.
15. a
doença dA GANÂNCIA mundanA E DO BRILHO
É quando se
transforma o serviço em poder e o seu poder em mercadoria para obter benefícios
ou mais poderes; é a doença das pessoas que procuram insaciavelmente
multiplicar poderes e, com esta finalidade, são capazes de caluniar, difamar e
de desacreditar os outros.
FONTE:
Texto sintético do DISCURSO do Encontro do Papa Francisco com a
Cúria Romana Sala Clementina do Palácio Apostólico, Vaticano, 22 de dezembro de 2014.