Apresentamos a seguir um texto direcionado a uma reflexão sobre o período da Quaresma e a Páscoa. O conteúdo foi elaborado pelo seminarista de Teologia da PUCRS, Miguel Mosena.
“Ó morte,
onde está tua vitória?”
Já disse uma vez o papa Francisco em um de seus
discursos: “Deus sempre nos surpreende!” E nesta Páscoa temos mais uma vez a
oportunidade de nos surpreender com nosso Deus. Mas, por que nos
surpreenderíamos com mais uma festa da Páscoa se todos os anos nós a
celebramos? Não parece sempre a mesma coisa?
A resposta nós a encontramos, se deixamos com
liberdade de filhos e filhas, nosso coração e nossa vida serem tocados e
surpreendidos por tão grande mistério. A ressurreição de Cristo vence a morte e
isso quebra com a lógica da existência, de que a morte teria a última palavra.
Esta Páscoa que iremos novamente celebrar é mais um
convite para que olhemos para a história da Salvação, e a nossa, com esperança
de sermos surpreendidos pela lógica divina, que São Francisco de Assis soube
dizer tão bem no seu cântico: “[...] E é morrendo que se vive para a vida
eterna!”
Na vida da Igreja, o ano litúrgico sempre inicia
com o Advento como tempo de preparação para a festa do Natal do Senhor. Então
vivenciarmos e nos admirarmos com a grandeza divina que se fez pobre e pequeno
assumindo em tudo a condição humana, menos o pecado. Para que possamos celebrar
bem a festa do Natal, ela precisa ser compreendida dentro do Mistério Pascal de
Cristo, ou seja, sua Paixão, Morte e Ressurreição.
É a Páscoa a principal festa cristã, em que cremos
que Jesus de Nazaré vence a morte e ressuscita dos mortos para que, da mesma
forma, participemos um dia de sua ressurreição sem que percamos nossa
identidade, embora em corpo glorioso. Por isso, para nós católicos a crença na
reencarnação é incompatível, pois quando o Miguel ressuscitará, por exemplo, é
ele (com todo o seu ser) que irá participar da glória de Cristo e não seu
espírito que se reencarnará em outra pessoa assumindo, assim, outra identidade.
Perante o Batismo que um dia recebemos, nós nos
tornamos únicos e preciosos aos olhos de Deus e não há sentido, portanto,
reencarnamos em outros corpos para que continuemos a viver, pois quando
morrermos não deixaremos de ser quem fomos em vida. Em tempos de intolerância
religiosa é evidente que devemos respeitar quem pensa diferente de nós, mas não
devemos abrir mão das nossas convicções achando que é tudo a mesma coisa.
Assim como no Natal, antes da Páscoa temos um tempo
de preparação em nossas comunidades, que é o tempo da Quaresma, iniciando na
quarta-feira de cinzas. É um tempo precioso de quarenta dias em que
intensificamos nossa prática de oração, jejum e caridade. Esse tempo nos ajuda
para bem nos alegrar com as surpresas que Deus, a cada Páscoa, pela memória do
sacrifício de Jesus na Cruz e sua Ressurreição, atualiza no coração e na vida
de todo aquele que se deixa embriagar por tão grande Mistério.
A Ressurreição, que um dia receberemos em
plenitude, pode já ser experimentada como uma espécie de aperitivo naquelas
situações cotidianas da vida em que parece que aquela pessoa ou situação já não
tem mais solução, porém como que num milagre, aquele que estava perdido acaba
sendo encontrado e o que parecia estar morto enche-se de vitalidade.
Irmãos
e irmãs na mesma fé no Deus vivo e encarnado na história, esta Páscoa é mais
uma oportunidade de quebrarmos com as forças da morte, de darmos uma segunda
chance, de nos reconciliarmos com aqueles que necessitam do nosso perdão, de
deixarmos Deus agir na sua infinita misericórdia e graça. Que esta Páscoa seja
um convite para sermos cristãos que façam a diferença na vida daqueles que
estão próximos de nós.
SEMINARISTA MIGUEL MOSENA
A paróquia de Arcoverde sente-se orgulhosa de tua formação, preparando-te para o diaconato e posterior ordenação. Obrigado pela ajuda em nosso blog.