PASTORAL DA ACOLHIDA: UMA MISSÃO!
Pe.
Roberto Carlos Favero (outubro de 2018).
Vivemos
em uma época de mudanças e de transformações que se manifestam nos diferentes
âmbitos da Sociedade. O mundo de superficialidades, onde o imperativo passa a
ser o imediato, a rapidez e a produtividade, tudo se torna líquido, por exemplo:
as relações, os valores, a ética, o amor. Diante desta “cultura líquida”, é
necessário gerar espaços que possibilitem reabrir os viés que facilitem novas
relações, isto é, o retorno à nova comunidade Cristã. Comunidade esta, mais
humana e acolhedora.
Apoiando-se
na mensagem do Papa Francisco, ele nos diz:
“Os
muros que nos dividem podem ser superados se estivermos prontos a ouvir uns aos
outros. Precisamos harmonizar as diferenças por meio de formas de diálogo, que
nos permitam crescer na compreensão e no respeito. A cultura do encontro”.
Contemplando
a realidade eclesial e a necessidade de colocar em prática as diretrizes
diocesanas de Pastoral: “uma comunidade Acolhedora, uma comunidade Formadora e
uma comunidade Missionária”, escrevo esta breve reflexão sobre a Pastoral da Acolhida.
Penso
que, como seguidores de Jesus Cristo, discípulos e missionários, somos chamados
a redescobrir o caminho para tornar os encontros humanizadores.
Uma
primeira ideia sobre o sentido da Acolhida é o de visitar. Ir ao encontro. Um
gesto de doação e de humildade. Neste mundo cheio de tanta correria, afazeres,
tarefas, as pessoas estão cada vez menos visitando umas às outras. As casas
estão cada vez mais trancadas, dificultando, inclusive, os trabalhos de
pastoral.
Hoje,
constatamos também que um dos desafios que dificultam a evangelização tem sido
a precariedade no acolhimento. Ainda não aprendemos a nos desvencilhar da
burocracia do atendimento para nos alegrar com as pessoas que Jesus envia às
nossas comunidades. São muitos os que nos procuram e chegam até nós, igreja,
será que os acolhemos com alegria e satisfação?
Existe
uma outra realidade, também, em que muitas pessoas estão aguardando um convite
nosso para participarem da comunidade. Precisamos então, sair de nossa zona de
conforto, comodismo, e irmos ao encontro de nossos irmãos. Como faz bem uma
visita! Para quem faz e para quem acolhe, expressa pois alegria e amizade.
Acolher
é, pois, uma atitude do coração e requer empatia, isto é, capacidade de sentir
com o outro e colocar-se no lugar dele, neste espírito de compaixão. Há a
possibilidade de criarmos uma atitude coletiva e organizada na comunidade. Para
isso é necessário que haja pessoas responsáveis, equipes, planejamento (quem,
quando, onde, por quê). Salientamos aqui o papel das equipes de zeladoras que
fazem tão bem esta missão.
Devemos
ter presente, ao meu ver, que não é mais um serviço pastoral existente na
paróquia, mas sim, a acolhida (PA) é uma dimensão de todas as pastorais. Além
da posição que possa ocupar dentro da Pastoral orgânica paroquial, esta atitude
de acolhimento, todos nós cristãos devemos ter. Expressa nosso comprometimento
fraterno.
Salientamos
que, em qualquer instituição, o chamado “atendimento ao público” é muito
importante. Os especialistas em relações humanas chegam a afirmar que uma
pessoa bem atendida conta sua experiência para outras duas ou três; porém,
alguém mal atendido reclama e conta o fato para cinco ou dez pessoas. Se o mal
é contagiante; o bem também o é.
ASPECTOS
FUNDAMENTAIS A SEREM LEMBRADOS
Muitos são os desafios que
aparecem, quando nos confrontamos com a realidade. E os desafios são sempre
estímulos para o crescimento humano. Eles não podem nunca nos desanimar. Caso
isso aconteça, importa acolher as pessoas que se sentirem machucadas ou estão à
margem, tendo presente a atitude do bom samaritano. Tentarei elencar alguns
pontos, ao meu ver, imprescindíveis para o aprimoramento desta pastoral.
É
necessário, pois:
- A acolhida, antes de ser uma tarefa, é uma
atitude. A atitude deve ser cultivada
cada dia até se tornar um hábito.
- Uma atitude básica é a escuta. Escutar é mais
do que ouvir. “Escutar com o coração”. Muitas pessoas até pelo sofrimento em
que se encontram, não conseguem verbalizar o que sentem, mas seu corpo fala.
- A importância do diálogo.
- Importa ainda cultivar a reflexão. A escuta
nos leva ao diálogo e à reflexão pessoal, mas precisa ser socializada,
compartilhada com outras pessoas. Lembramos os Conselhos de Pastoral em nossas
comunidades que nos ajudam a concretizar.
O
SENTIDO DA ACOLHIDA A PARTIR DA BÍBLIA
Na
palavra de Deus, muitas e muitas vezes encontramos o sentido de visitar:
“quando contemplo o céu, obra de teus dedos, a lua e as estrelas que fixaste,...
O que é o homem, para que nele te lembrares? O ser humano, para que o visite? (
Sl 8). “Visitaste a terra, e a resgate (Sl 65). Quando Jesus se refere à visita
aos enfermos e que os mesmos devem ser acolhidos como a Ele (cf. Mt 25, 36s). O
Cântico sálmico e profético de Zacarias: “Bendito seja o Senhor, Deus de
Israel, porque visitou seu povo e realizou a libertação” (Lc 1, 68s). Cada um
de nós, em particular, deve acolher a visita de Deus que vem: “Eis que eu estou
à porta e bato” (Ap3, 20). A importância da hospitalidade a exemplo de Jesus: “Pois
eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui
estrangeiro, e vocês me acolheram.” (Mt 25,35).
Por
fim, no dizer do Papa Francisco: “A igreja deve ser o lugar da misericórdia
gratuita, onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a
viverem segundo a vida boa do evangelho”.
As Paróquias
Mãe de Deus de Carlos Barbosa e Nossa Senhora das Graças de Arcoverde, em
sintonia com a Diocese de Caxias do Sul, querem dar continuidade ao processo de
planejamento pastoral, enriquecido com as Diretrizes da Ação Pastoral da nossa
Diocese 2017–2020, buscando assim a participação e o envolvimento de todos para
a concretização da Pastoral da Acolhida em nossa comunidade de fé.