Hoje celebramos a grande festa de Pentecostes, em memória da efusão do Espírito Santo sobre a primeira comunidade cristã. O Evangelho de hoje reconduz-nos à noite de Páscoa e mostra-nos Jesus ressuscitado, que aparece no cenáculo, onde os discípulos se refugiaram. Eles tinham medo. “Pôs-se no meio deles e disse-lhes: ‘A paz esteja convosco!’” (v. 19). Estas primeiras palavras pronunciadas pelo Ressuscitado: “A paz esteja convosco” devem ser consideradas mais do que uma saudação: exprimem o perdão concedido aos discípulos, que, para dizer a verdade, o tinham abandonado. São palavras de reconciliação e de perdão. E também nós, quando desejamos a paz aos outros, dispomo-nos a perdoar e a pedir perdão. Jesus oferece sua paz precisamente a esses discípulos que têm medo, que sentem dificuldade em acreditar no que viram, ou seja, no túmulo vazio, e subestimam o testemunho de Maria Madalena e das outras mulheres. Jesus perdoa, perdoa sempre, e oferece a paz aos seus amigos […].
Ao perdoar e reunir os discípulos à sua volta, Jesus faz deles uma Igreja, a sua Igreja: que é uma comunidade reconciliada e pronta para a missão. Quando uma comunidade não está reconciliada, não está pronta para a missão: está pronta para discutir consigo mesma, está pronta para discussões internas. O encontro com o Senhor ressuscitado inverte a existência dos apóstolos e transforma-os em testemunhas corajosas. Na verdade, imediatamente a seguir diz: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio” (v. 21). Essas palavras deixam claro que os apóstolos são enviados para prolongar a mesma missão que o Pai confiou a Jesus. “Eu envio-te”: não é tempo de ficar preso nem de se lamentar: de lamentar os “bons tempos”, aqueles tempos passados com o Mestre. A alegria da ressurreição é grande, mas é uma alegria expansiva, que não deve ser guardada para si mesmo, e sim ser doada […].
A festa de Pentecostes renova a consciência de que a presença vivificante do Espírito Santo habita em nós. Também nos dá a coragem de sair das paredes protetoras dos nossos “cenáculos”, pequenos grupos, sem nos acomodarmos numa vida tranquila nem nos fecharmos em hábitos estéreis. Elevemos agora nosso pensamento a Maria. Ela estava lá, com os apóstolos, quando o Espírito Santo veio, foi protagonista da primeira comunidade da admirável experiência do Pentecostes. E oremos a ela para que obtenha para a Igreja um espírito missionário fervoroso.
Papa Francisco
(parte da alocução precedente à oração “Regina Coeli” no dia de Pentecostes de 2020)
FONTE: https://www.paulus.com.br/portal/o-domingo/28-de-maio-pentecoste/IMAGEM: https://jovenscatolicos.com.br/