Neste tempo global de
pandemia, nos deparamos com o vírus Covid-19 dizimando vítimas em todo os
continentes, milhares de corpos sendo sepultados ou cremados devido ao
contágio, este mal que se alastra diariamente. Muitos são os questionamentos e
as reflexões pertinentes para dar-nos uma resposta a esse fenômeno. Interessante
que tudo isso iniciou-se com o ciclo
religioso da Quaresma e culminando com a Santa Páscoa.
A
partir do texto bíblico e iluminado pelo Espírito de Deus, recorri à Carta de Romanos,
escrita por São Paulo que diz: “Sabemos que a criação inteira geme e sofre as
dores do parto, até o presente. E não somente ela, mas também nós, que temos as
primícias do Espírito, gememos interiormente, suspirando pela redenção de nosso
corpo, pois fomos salvos na esperança, e ver o que se espera, não é esperar”.
(Rm. 8,22-25).
São
Paulo enfatiza que nós somos esperança. Por natureza o somos. Qual o fundamento
desta esperança? Onde buscamos razões para o nosso viver? Tempo em que
vivenciamos cheio de absurdos e contradições humanas, sublinhando alguns
aspectos como as injustiças sociais, o aumento da pobreza, a exploração da
natureza, o descaso às relações humanas, o individualismo e consumismo
exagerado, enfim levando tudo isso ao vazio existencial e inclusive à ausência
de Deus.
Este é o
tempo propício para celebrarmos a Páscoa, pois Páscoa é vida. Vida nova. Vida
que se faz e refaz constantemente. Renovação da Fé. E nos dá esta possibilidade
da busca do novo, que é Jesus Cristo. Se dá num processo permanente de diálogo
amoroso com Deus. A esperança é um dom, uma graça. Deus sendo nosso PAI nos deu seu maior
presente, seu filho querido, amado como nosso salvador:
Intermediário e intercessor da humanidade. O evangelista São João nos diz:
“Então Jesus exclamou: “Quem acredita em mim, não crê somente em mim, mas
naquele que me enviou. Quem vê a mim, vê Aquele que me enviou. (João 12,44-45)
Jesus nos deixa grandes lições de vida,
para seguirmos e conhecermos a Deus. Vejamos a parábola do bom samaritano, que
é o lema da campanha da Fraternidade deste ano: “Viu, sentiu compaixão e cuidou
dele” (Lc.10). A partir dos gestos concretos, estaremos sendo testemunhas da
Ressurreição de Jesus. Neste binômio Fé e Vida; Vida e ação.
Mesmo que haja medo e desesperança frente às
dificuldades e às epidemias, mesmo que hoje vemos tantas pessoas crucificadas que
sofreram neste mundo sem conhecer a felicidade nem a paz, pois lembre-se, meu
irmão e minha irmã, a Páscoa é o tempo de anunciar que a morte foi vencida. Páscoa é vitória.
Recordar e celebrar com compaixão e com
amor a vida de nosso irmão e mestre, Jesus crucificado, que se identificou com todos os que
sofrem, fragilizados, doentes e desassistidos socialmente de todos os tempos.
No dizer de S. Paulo, “Quem nos separará do
amor de Cristo? Será a tribulação, ou ansiedade, ou perseguição, ou fome, ou
nudez, ou perigo, ou espada? (...) nada nos poderá separar do amor de Deus.”
(Rm.8,35;39). O amor é inesgotável. O
amor desperta a esperança, e também tem fisionomia humana. É o nosso oxigênio
para o nosso viver.
Segundo o teólogo espanhol
José Antônio Pagola. “a
ressurreição de Jesus é para nós a razão última e a força diária de nossa
esperança: o que nos alenta para trabalhar por um mundo mais humano, segundo o
coração de Deus, e o que nos faz esperar confiantes sua salvação. Em Jesus
ressuscitado descobrimos a intenção profunda de Deus confirmada para sempre:
uma vida plenamente feliz para toda a criação, uma vida libertada para sempre
do mal.”
Enquanto existirmos, nossa missão é de
construir a esperança, na gestação de um mundo mais humano. Acreditar na ressurreição
implica a coragem de tomarmos a nossa própria cruz e a determinação de viver
uma vida nova. Podemos nos perguntar: Quais os sinais de ressurreição que
vislumbro hoje? Como percebo a presença do ressuscitado em minha vida, em minha
família e na comunidade?
Espero ter contribuído a elucidar com esta breve
reflexão sobre o significado da Páscoa. Desejo a você e sua família uma Feliz e
Abençoada Páscoa.
Pe. Roberto Carlos Favero
Carlos Barbosa. 11 de abril de 2020.